Pouco antes de sua última internação, em fevereiro deste ano, o Papa Francisco escreveu um texto emocionante que será publicado como prefácio do livro À espera de um novo começo – Reflexões sobre a velhice, do cardeal italiano Angelo Scola, arcebispo emérito de Milão. No texto, o pontífice oferece uma profunda meditação sobre a morte e o envelhecer, propondo uma nova perspectiva sobre esses temas muitas vezes tratados com temor e preconceito.
Francisco afirma que a morte não representa o fim, mas sim o início de uma nova etapa. “A morte não é o fim de tudo, mas o começo de algo. É um novo começo, como o título sabiamente destaca, porque a vida eterna, que aqueles que amam já começam a experimentar na Terra, nas tarefas cotidianas da vida, é o começo de algo que nunca terminará”, escreve o Papa.
Além da reflexão sobre a finitude da vida, o texto também aborda o envelhecimento com sensibilidade e firmeza. Francisco critica a visão negativa que muitas vezes se tem da velhice e defende a valorização da experiência acumulada ao longo dos anos.

“Dizer ‘velho’ não significa ‘ser descartado’, como uma cultura degradada de desperdício às vezes nos leva a pensar. Dizer ‘velho’ significa, em vez disso, dizer experiência, sabedoria, conhecimento, discernimento, reflexão, escuta, lentidão. Valores dos quais tanto necessitamos!”, pontua.
O Papa enfatiza ainda a importância de acolher a velhice com serenidade e gratidão, vendo nessa etapa uma oportunidade de crescimento interior. “Não devemos ter medo da velhice, não devemos temer abraçá-la, porque a vida é vida, e adoçar a realidade significa trair a verdade das coisas”, afirma. “É verdade, envelhecemos, mas este não é o problema: o problema é como envelhecemos.”
Com palavras inspiradoras, Francisco conclui sua reflexão destacando que viver a velhice com aceitação e gratidão a transforma em uma fase “fecunda e capaz de irradiar bondade”.
O livro com o texto completo do Papa será lançado em breve e promete ser um convite à reflexão sobre temas inevitáveis da existência, tratados com fé, ternura e lucidez.