Offline
Prefeito de Igarapé Grande é indiciado por homicídio qualificado após morte de policial militar em confusão por farol
Por Henrique Sampaio
Publicado em 25/07/2025 09:59
Locais

O prefeito de Igarapé Grande, João Vitor Xavier (PDT), foi formalmente indiciado por homicídio qualificado após investigações apontarem que ele atirou pelas costas do policial militar Geidson Thiago, conhecido como “Dos Santos”. O crime aconteceu após uma discussão motivada pela intensidade dos faróis do carro do gestor, durante um evento na cidade de Igarapé Grande.

Segundo testemunhas, o policial, que estava de folga, teria apenas pedido para o prefeito reduzir a luz alta dos faróis, que estariam atrapalhando o público presente. A situação gerou uma discussão acalorada. João Vitor, então, teria sacado um revólver calibre .38 e efetuado disparos, atingindo a vítima pelas costas.

O policial foi socorrido e levado ao hospital de Pedreiras, sendo transferido em seguida devido à gravidade dos ferimentos. No entanto, ele não resistiu. O sepultamento ocorreu no dia 8 de julho. Geidson era lotado no 19º BPM.

Prisão e andamento do caso

João Vitor se apresentou à polícia no dia seguinte ao crime, prestou depoimento, mas não foi preso por não estar em flagrante. Com o avanço das investigações e a coleta de novas evidências, a Delegacia Regional de Pedreiras solicitou a prisão preventiva do prefeito, alegando risco à ordem pública e a necessidade de localizar a arma do crime, que até hoje não foi encontrada.

A Justiça expediu mandado de prisão no dia 14 de julho, mas João Vitor não foi localizado. No dia seguinte, ele se entregou voluntariamente à Polícia Civil em São Luís, onde passou por audiência de custódia e foi levado a uma unidade prisional da capital. Ele está custodiado em cela individual, com cama e banheiro, conforme informações da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).

Defesa e contradições

A defesa do prefeito afirma que ele agiu em legítima defesa, alegando que o policial também teria sacado uma arma durante a discussão. No entanto, o inquérito policial concluiu que a vítima foi atingida pelas costas, o que enfraquece essa versão.

João Vitor confessou ter utilizado um revólver calibre .38, presenteado por um eleitor. A arma, segundo ele, foi descartada no local, mas não foi localizada até o momento.

Imagens de câmeras de segurança foram consideradas peças-chave para o inquérito. Nos vídeos, o prefeito aparece indo até um carro preto, depois se dirigindo a um grupo de pessoas, momento em que o disparo teria ocorrido. Em seguida, ele retorna correndo ao veículo e deixa o local.

Afastamento do cargo e licença remunerada

Antes de se entregar, João Vitor solicitou à Câmara Municipal de Igarapé Grande uma licença remunerada de 125 dias, alegando necessidade de tratamento psiquiátrico e acompanhamento médico, devido a abalo emocional. Também informou ser paciente bariátrico. O pedido foi aprovado por unanimidade. Durante seu afastamento, a vice-prefeita Maria Etelvina assumiu interinamente o comando do município. Mesmo afastado, ele segue recebendo salário líquido de R$ 13.256,08.

Próximos passos

O inquérito já foi encaminhado ao Ministério Público, que decidirá se apresenta ou não denúncia formal contra João Vitor Xavier. Caso seja denunciado e o processo avance, o prefeito poderá ser levado a julgamento por homicídio qualificado — crime que pode resultar em até 30 anos de prisão.

 

O caso segue gerando forte repercussão no Maranhão, especialmente pela gravidade das acusações envolvendo um chefe do Executivo municipal e a morte de um agente da segurança pública.

Comentários
Comentário enviado com sucesso!